A Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN) em Camaçari, na Bahia, voltará a produzir ureia sob o comando da Petrobras Foto: Divulgação y3r17
Por Antônio Carlos Garcia (*)
A reabertura das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (FAFENs) da Petrobras em Sergipe (Laranjeiras) e Bahia (Camaçari) foi recebida com otimismo pelo setor de fertilizantes, mas também com cautela. Para Antonino Gomes, diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (Ama Brasil) — entidade que reúne mais de 70 empresas associadas com atuação nacional —, a medida representa um avanço importante, mas está longe de resolver a dependência estrutural que o Brasil tem das importações. “É muito bem-vindo o retorno das plantas de ureia, mas mesmo com elas em operação, o Brasil continuará importando cerca de 80% do que consome em nitrogênio”, afirmou o dirigente.
Segundo Antonino, a produção estimada das duas unidades gira entre 800 mil e 1 milhão de toneladas por ano, enquanto o país consome em média 7,4 milhões de toneladas de nitrogênio anualmente. “Essa produção atende a no máximo 20% da nossa necessidade. O mercado brasileiro cresce entre 4,5% e 6% ao ano. Ou seja, a retomada ajuda, mas está longe de atender toda a demanda”, explicou.
Outro entrave destacado por Antonino é a logística. De acordo com ele, mesmo que o Brasil alcançasse autossuficiência na produção, o custo do transporte interno tornaria a ureia nacional menos competitiva frente à importada.
“Levar ureia de Sergipe ou da Bahia para o interior do Mato Grosso ou para o Sul do país é caro. Já a ureia importada chega de navio diretamente aos portos e muitas vezes a preços mais baixos”, argumentou.
Além disso, segundo ele, o gás natural usado na produção da ureia no Brasil é caro em comparação com países produtores como Rússia, Catar ou Canadá. “A ureia brasileira terá custo mais alto. Isso cria um descomo de competitividade entre o produtor nacional e o importado.”
A ureia é utilizada para fornecer nitrogênio às plantas, um dos nutrientes essenciais para o crescimento vegetal. O nitrogênio favorece o desenvolvimento das folhas, acelera o crescimento e aumenta a produtividade das culturas agrícolas. Quando aplicada ao solo, a ureia se converte em amônia e depois em nitrato, formas que as plantas conseguem absorver.
Antonino Gomes fala do paradoxo do Brasil, uma potência agrícola, mas dependente da importação de fertilizantes. “Nossa terra foi preparada para produzir, mas não para ter o nutriente necessário. Precisaríamos de ao menos uma unidade de nitrogênio, potássio e fósforo a cada dois estados”, lamenta Antonino Gomes.
O dirigente faz um paralelo histórico: “Desde a chegada dos portugueses, o Brasil sempre foi exportador de commodities. Exportamos soja, milho, ouro, mas importamos os insumos para alimentar nossa produção. Precisamos mudar essa lógica”.
Além da reabertura das FAFENs, o Nordeste ganha importância no setor por suas reservas naturais. Em Sergipe está localizada a mina de potássio operada pela Mosaic, a maior do Hemisfério Sul, responsável por 400 mil a 500 mil toneladas anuais — número ainda modesto frente às 7 milhões de toneladas produzidas pela mesma empresa no Canadá.
Há ainda a expectativa de exploração do projeto Potássio do Brasil, em Autazes (AM), prometido para 2030, o que poderá ampliar a produção nacional.
Para o diretor do Sindipetro-SE, Thiago Ítalo Cardoso Moreira, a retomada da Fafen “é importante para Sergipe e para o Nordeste, pois movimenta a economia local, gera empregos e fortalece a indústria de base”.
Ele também destacou a necessidade de formação técnica local para atender à demanda do setor. Um programa de capacitação, em parceria com o Instituto Federal de Sergipe (IFS) e o Senai, está previsto para iniciar ainda em 2025, com bolsas para jovens da região.
A Fafen Sergipe foi inaugurada em 1982, no município de Laranjeiras, com o objetivo de produzir insumos estratégicos para o setor agrícola, como ureia, amônia e gás carbônico. A planta operou por décadas como fornecedora para o mercado do Norte e Nordeste.
A unidade de Camaçari, na Bahia, foi a primeira fábrica de fertilizantes da Petrobras, inaugurada em 1971. Ambas as unidades integraram o esforço da estatal para desenvolver uma cadeia nacional de fertilizantes nitrogenados e reduzir a dependência do Brasil em relação à importação desses produtos.
Em 2017, a Petrobras anunciou sua saída do setor de fertilizantes como parte do plano de desinvestimentos. Em 2019, as duas fábricas foram arrendadas à Proquigel Química S.A., do grupo Unigel. As operações foram retomadas, mas em 2023 a empresa suspendeu as atividades em Sergipe, alegando dificuldades econômicas.
Com a mudança de orientação na gestão da Petrobras, a partir de 2023, a estatal ou a reavaliar os desinvestimentos e anunciou a reassunção da Fafen-SE, iniciando um novo processo de reativação da unidade.
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